Regras Complementares

Regras Complementares de Acentuação

As regras complementares de acentuação são aquelas que não envolvem apenas a classificação das palavras quanto à tonicidade (oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas), mas também situações específicas da língua portuguesa que merecem atenção especial. Elas são muito cobradas em vestibulares e no ENEM, principalmente em questões de ortografia e gramática normativa.

1. Acento em ditongos abertos “ei” e “oi”

Antes do Acordo Ortográfico, palavras paroxítonas com os ditongos abertos “ei” e “oi” nas terminações “eia”, “eio”, “oia” e “oio” eram acentuadas. Com a nova regra, essas palavras perderam o acento.

Antes: heróico, idéia, jóia
Depois: heroico, ideia, joia

Importante: isso vale apenas para palavras paroxítonas! As oxítonas continuam com acento, como “herói”.

2. Palavras com “i” e “u” em hiato

Quando o “i” ou o “u” vierem depois de ditongos nas paroxítonas, e estiverem sozinhos na sílaba (sem formar ditongo com a consoante anterior), não se usa mais o acento.

Antes: feiúra, bocaiúva
Depois: feiura, bocaiuva

Importante: essa regra vale apenas se o “i” ou “u” estiverem depois de ditongos e forem sozinhos na sílaba. Caso contrário, o acento pode permanecer (como em “baú”).

3. Fim do trema (¨)

O trema foi abolido nas palavras da língua portuguesa, mas sua pronúncia deve ser mantida. Ele era usado para indicar que o “u” deveria ser pronunciado em dígrafos como “gue”, “gui”, “que” e “qui”.

Antes: lingüiça, conseqüência
Depois: linguiça, consequência

Apesar de não ser mais escrito, o “u” ainda deve ser pronunciado nessas palavras: [linguíça], [consekência].

4. Acento em verbos com “guar”, “quar”, “quir”

Palavras derivadas de verbos como enxaguar, adequar, averiguar e requintar podem causar dúvida sobre a acentuação, principalmente nas formas conjugadas.

Esses verbos, em geral, não recebem acento gráfico quando a vogal tônica é a mesma da forma infinitiva:

  • Ele averigua (e não “averígua”)
  • Ela enxagua (e não “enxágua”)
  • Você adequa (e não “adéqua”)

Essas formas não são paroxítonas terminadas em “a”, e por isso não se acentuam.

5. Abolição do acento em “pôde” e “pode” (passado e presente)

Essa regra não foi alterada com o novo acordo, mas continua importante:

  • pôde (com acento) é o passado do verbo poder: “Ontem ele pôde sair mais cedo.”
  • pode (sem acento) é o presente: “Hoje ele pode sair mais cedo.”

O acento gráfico serve para diferenciar os dois tempos verbais.

6. Acento diferencial: “pára” e “para”

Antes do Acordo Ortográfico, a palavra “pára” (verbo parar) levava acento para se diferenciar da preposição “para”. Hoje, o acento foi retirado:

  • Ela para o carro na rua.
  • Ele foi para a escola.

A distinção agora é feita pelo contexto da frase.

7. Outras observações úteis

  • Palavras compostas seguem a acentuação das palavras simples.
  • Não se usam dois acentos na mesma palavra (ex: “órfãozinho” leva acento apenas em “órfão”).
  • Palavras monossílabas tônicas terminadas em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)” continuam levando acento: “pé”, “pó”, “já”.

Dicas para o ENEM

  • Preste atenção às mudanças do Acordo Ortográfico (mesmo que já estejam em vigor há anos, ainda caem em prova).
  • Leia com atenção os enunciados que envolvem substituição ou correção de acentuação.
  • Fique atento ao uso do “i” e “u” em hiato, pois é uma das regras mais cobradas.

Conclusão

As regras complementares de acentuação ajudam a escrever com mais clareza e correção. Embora pareçam detalhes, fazem diferença nas questões do ENEM e de outros vestibulares. Entender o que mudou com o Acordo Ortográfico e como aplicar corretamente as regras é essencial para garantir bons resultados na prova de Linguagens.

Fundador do VESTMapaMental, professor de Redação, Português e Literatura, e mentor especializado na preparação de estudantes para o ENEM e Vestibulares, com foco em aprovação em Medicina. Com uma abordagem estratégica, didática e motivadora, Lucas transforma conteúdos complexos em mapas mentais claros e eficazes, guiando alunos rumo às maiores notas e aos seus sonhos universitários.