Função Poética

Função Poética

A função poética é uma das seis funções da linguagem propostas pelo linguista Roman Jakobson, que é essencial para a compreensão de textos literários e artísticos. Essa função está diretamente relacionada ao uso da linguagem de forma estética, ou seja, com o objetivo de causar um impacto sensorial e emocional no receptor. Neste resumo, vamos explorar o que é a função poética, suas características e sua aplicação na literatura e outros meios de comunicação.

O que é a Função Poética?

A função poética da linguagem ocorre quando o principal objetivo da comunicação é o prazer estético, ou seja, a busca pela beleza e pela forma. Ao contrário de outras funções da linguagem, que têm o objetivo de informar, convencer ou ordenar, a função poética foca na própria estrutura da mensagem. Nesse tipo de comunicação, a forma de expressão e o jogo com as palavras têm mais importância do que o conteúdo em si.

Essa função pode ser observada em poesias, músicas, slogans publicitários, publicações nas redes sociais, e até em discursos e filmes. Ela está presente quando há uma preocupação com a sonoridade das palavras, com a escolha de vocabulário e até com o ritmo da linguagem.

Características da Função Poética

Existem algumas características que definem a função poética. São elas:

  • Foco na forma: A principal característica da função poética é a ênfase na forma da mensagem. Ou seja, a maneira como as palavras são escolhidas, combinadas e organizadas tem um papel crucial na transmissão da mensagem. Isso inclui o uso de figuras de linguagem, como metáforas, aliterações e onomatopeias.
  • Ambiguidade e múltiplos significados: O uso de ambiguidade e polissemia (múltiplos significados) é comum em textos poéticos. As palavras e expressões podem ser interpretadas de diferentes formas, dependendo do contexto e da percepção do receptor.
  • Estilo pessoal e criativo: A função poética permite ao autor uma liberdade criativa, permitindo-lhe criar um estilo próprio e inovador. Ao contrário de outros tipos de linguagem, a função poética não se preocupa com a clareza imediata ou com a transmissão de informações diretas.
  • Exploração estética da linguagem: O poeta ou escritor explora o ritmo, a sonoridade e a musicalidade das palavras, o que confere ao texto um caráter estético e sensorial. O uso de rimas, assonâncias, consonâncias e outros recursos estilísticos são fundamentais na função poética.
  • Subjetividade: A função poética também pode ser bastante subjetiva, pois envolve a interpretação pessoal do autor e do leitor. O significado do texto pode não ser tão claro ou direto quanto em outros tipos de comunicação, sendo muitas vezes mais simbólico e aberto a diferentes interpretações.

Função Poética e as Outras Funções da Linguagem

Jakobson identificou seis funções da linguagem, sendo a função poética apenas uma delas. As outras funções são:

  • Função referencial: Foca na transmissão de informações de maneira objetiva, sem ênfase na forma. Está relacionada à linguagem utilizada em textos científicos, informativos e jornalísticos.
  • Função conativa (ou apelativa): Busca influenciar o receptor, como em comandos, pedidos ou sugestões. Está presente, por exemplo, em propagandas e ordens.
  • Função metalinguística: Refere-se ao uso da linguagem para explicar ou esclarecer a própria linguagem. Está presente, por exemplo, em dicionários ou explicações sobre significados de palavras.
  • Função emotiva (ou expressiva): Expressa as emoções, sentimentos e estados de espírito do emissor. Está presente em cartas pessoais, diários e relatos subjetivos.
  • Função fática: Tem o objetivo de estabelecer, manter ou verificar a comunicação, sem se preocupar com o conteúdo. Exemplo: “Alô?”, “Oi, você me escuta?”.

A função poética se diferencia das outras por colocar a ênfase na forma da comunicação e no seu efeito estético, mais do que na informação ou no objetivo de persuadir o receptor.

Função Poética na Poesia

Na poesia, a função poética está sempre presente, pois é exatamente a preocupação com a forma que define a estética do poema. A escolha das palavras, as rimas, o ritmo e a musicalidade são aspectos essenciais de qualquer poema. Vamos ver um exemplo:


    "O poema é como um espelho,
     que reflete o que há em mim.
     Mas também pode ser janela,
     aberta para o infinito, enfim."

Nesse exemplo, o jogo de palavras e a organização da linguagem visam mais ao prazer estético do que à simples transmissão de informações. A escolha de palavras como “espelho”, “janela” e “infinito” têm um caráter simbólico e subjetivo, permitindo múltiplas interpretações.

Função Poética na Música

Além da poesia, a função poética também está muito presente na música, especialmente nas letras de canções. A estrutura das letras, o uso de rimas, repetições e figuras de linguagem buscam provocar sensações e sentimentos nos ouvintes. Vamos analisar um trecho de uma canção:


    "Eu sei que vou te amar,
     Por toda a minha vida eu vou te amar."

Esse trecho da música “Eu Sei Que Vou Te Amar”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, usa a repetição das palavras para reforçar a ideia do amor eterno. A escolha de palavras, o ritmo e a musicalidade têm o objetivo de transmitir uma emoção, mais do que uma informação objetiva.

Função Poética na Publicidade

A função poética também é muito utilizada na publicidade, principalmente em slogans e campanhas publicitárias, onde a forma e o impacto sonoro da frase são fundamentais para chamar a atenção e criar uma conexão emocional com o público. Um exemplo clássico de slogan com a função poética é:


    "É melhor ser alegre que ser triste."

Esse slogan é um exemplo de como a função poética pode ser utilizada para causar uma impressão imediata e deixar uma mensagem com forte apelo emocional.

Conclusão

A função poética da linguagem é essencial para a compreensão da literatura, das artes e de várias formas de comunicação. Ao focar na estética e no impacto emocional da mensagem, a função poética nos permite explorar as palavras de uma forma mais criativa e subjetiva. A função poética vai além da simples transmissão de informações e busca provocar sensações, interpretações e reflexões no receptor, o que é fundamental para a poesia, música, publicidade e outras formas artísticas.

Fundador do VESTMapaMental, professor de Redação, Português e Literatura, e mentor especializado na preparação de estudantes para o ENEM e Vestibulares, com foco em aprovação em Medicina. Com uma abordagem estratégica, didática e motivadora, Lucas transforma conteúdos complexos em mapas mentais claros e eficazes, guiando alunos rumo às maiores notas e aos seus sonhos universitários.