Categoria: Geografia

  • A dinâmica Externa da Terra

    Nosso planeta está em constante mudança. Tais transformações geralmente demoram milhões de anos e raramente são perceptíveis. Elas são causadas por diferentes fatores, conhecidos como agentes externos (oriundos de fatores como chuva, vento e rios). O resultado é uma constante mudança ou modelamento do nosso relevo.

    Este tipo de dinâmica compreende a ação de agentes externos na superfície terrestre.

    Chuva: A chuva tem forte poder no modelamento terrestre. Pode ocorrer em qualquer lugar com alta pluviosidade, porém é mais comum em encostas despidas de vegetação.

    Vento: Mais comum em regiões desérticas ou de dunas. O vento atua principalmente no movimento de areia solta.

    Gelo: O gelo tem grande poder de erosão, por conta disso, foi e ainda é responsável por diferentes transformações no relevo. Os fiordes são resultados da ação dele.

    Rio: Os rios criam diferentes passagens de água ao longo do seu leito. Também pode sofrer a ação humana com a modificação de suas trajetórias.

    Mar: O mar tem forte presença na modelagem litorânea, seja elas com o avanço ou regressão das marés. As falésias, por exemplo, sofrem a ação do mar que, em contato com elas, formam grandes paredões de areia.

  • A dinâmica Interna da Terra

    Os movimentos das placas tectônicas são responsáveis pelos agentes modificadores do relevo originados no interior da Terra. A maior parte da atividade tectônica (deformação das rochas por forças internas) ocorre nos limites das placas, isto é, no ponto em que elas interagem.

    Entre os agentes internos do relevo (formadores e modificadores), podemos citar: o tectonismo, o vulcanismo e os abalos sísmicos (terremotos). Todos eles estão ligados, de alguma forma, ao movimento das placas tectônicas causado pelo calor e pela pressão do interior da Terra.

    TECTONISMO

    Tectonismo ou diastrofismo compreende todos os movimentos que deslocam e deformam as rochas que constituem a crosta terrestre. Como dissemos, esses movimentos são causados por forças que vêm do interior da Terra e agem lenta e prolongadamente na crosta.

    O diastrofismo se manifesta por movimentos verticais (epirogênicos — do grego épeiros = continente) e movimentos horizontais (orogênicos — do grego ôros = montanha).

    MOVIMENTOS EPIROGÊNICOS

    São movimentos verticais que provocam abaixamento ou soerguimento da crosta terrestre. Realizam-se muito lentamente e são consequência da isostasia (ver explicação abaixo).

    A epirogênese pode provocar o rebaixamento de litorais pelas invasões do mar (transgressões marinhas), como no mar do Norte, e o levantamento da costa pelo recuo dos oceanos (regressão marinha), como na Escandinávia. Pode também soerguer ou rebaixar os leitos dos rios, modificando o seu trabalho erosivo. A epirogênese ocorre em áreas geologicamente mais estáveis.

    MOVIMENTOS OROGÊNICOS

    A orogênese ou “formação de montanhas” é resultado de pressões horizontais ou verticais do interior da Terra. São movimentos de pequena duração no tempo geológico, mas muito intensos.

    Como resultado desses movimentos, temos as dobras (dobramentos) e as falhas (falhamentos) ou fraturas. Se as rochas atingidas não oferecem grande resistência às forças internas, formam-se dobras.

    As dobras, portanto, são o resultado de forte compressão de rochas não resistentes às forças internas. Os dobramentos ocorreram em diferentes ocasiões do tempo geológico (eras Pré-Cambriana e Cenozóica).

    As falhas ou fraturas formam-se em áreas onde as rochas são rígidas e resistentes às forças internas e “quebram-se” em vez de dobrar. Caracterizam-se por um desnível de terrenos: uma parte elevada e outra rebaixada.

    ISOSTASIA

    O Princípio da Isostasia diz que o volume relativamente menos denso da crosta continental, em relação ao manto, permite que altas montanhas se equilibrem, do mesmo modo que o volume submerso do iceberg, mais leve do que o volume de água deslocado, permite que o iceberg flutue.

    A crosta continental (menos densa) flutua sobre o manto e nele se aprofunda como um iceberg no oceano. Nos locais onde o manto é mais espesso, o mergulho da crosta continental é maior. Logo, os blocos mais altos são os que mais afundam, compensando sua altura.

    Além da epirogênese e da orogênese, outros movimentos internos, bem mais rápidos e também ligados aos limites das placas tectônicas, podem interferir no relevo terrestre. São as erupções vulcânicas e os abalos sísmicos (terremotos).

    VULCANISMO

    Chamamos de vulcanismo os fatos e fenômenos geográficos relacionados com as atividades vulcânicas, através dos quais o magma do interior da Terra chega até a superfície.

    A manifestação típica do vulcanismo é o cone vulcânico e o amontoado de pó, cinzas e lavas formado pelas erupções.

    O cone vulcânico, a chaminé, a cratera e a câmara magmática são as partes principais de um vulcão.

    Um vulcão expele uma grande variedade de materiais: magma (lava), gases, material piroclástico (fragmentos de vários tamanhos — desde partículas de poeira até blocos), cinzas e pó.

    Existem manifestações vulcânicas secundárias, como os gêiseres e as fontes termais.

    Os gêiseres expelem água quente no sentido vertical. Seus jatos podem durar segundos ou semanas e atingir muitos metros de altura. Seu funcionamento depende da quantidade e da temperatura da água subterrânea. Quando a temperatura da água se torna muito elevada, formam-se jatos de água no sentido vertical. A água expelida do interior da Terra se infiltra lateralmente no solo, é novamente aquecida e recomeça o ciclo das águas quentes.

    O balneário de Rotorua, na Nova Zelândia, exibe o fenômeno vulcânico sob a forma de gases e gêiseres, nos jardins das casas, no meio dos campos e das pastagens, tendo se tornado uma região turística.

    Em alguns lugares, a água atinge camadas mais profundas, tornando-se aquecida. Quando aflora, com temperaturas elevadas, constitui uma fonte termal. No Brasil, são famosas as fontes termais de Araxá e Poços de Caldas, em Minas Gerais, e a de Caldas Novas, em Goiás.

    O CÍRCULO DE FOGO

    A maior parte dos vulcões se localiza ao longo ou próximo do limite das placas tectônicas. São os chamados vulcões de limite de placas. Porém, alguns deles localizam-se no interior de uma placa tectônica, sendo por isso denominados vulcões intraplacas, cujo exemplo mais conhecido é o arquipélago havaiano, situado no interior da placa do Pacífico.

    Os vulcões de limite de placas alinham-se no “encontro” das placas tectônicas, no chamado Círculo de Fogo, que se estende pelos oceanos Pacífico e Atlântico e pelo mar Mediterrâneo. Temos vulcões tanto nos limites de divergência como nos limites de convergência das placas tectônicas.

    Em limites de divergência, geralmente no fundo do mar, ocorrem quase 80% das manifestações vulcânicas da Terra. O movimento do manto afasta as placas, e o magma preenche o espaço que se forma entre elas.

    Na cadeia Meso-Atlântica temos uma sequência de vulcões entre as placas Sul-Americana e Africana. Na Islândia, onde a dorsal Atlântica está a céu aberto, a atividade vulcânica é visível e mais intensa que a submarina.

    Nas zonas de convergência (subducção) também ocorrem ilhas vulcânicas, que podem se apresentar em forma de arco vulcânico, como o Japão, a Indonésia, as Filipinas e as Marianas. Os vulcões dos Andes formaram-se na zona de subducção das placas de Nazca (oceânica) e Sul-Americana (continental).

    ABALOS SÍSMICOS

    Uma das manifestações mais temidas e destruidoras dos movimentos da crosta terrestre são os terremotos ou abalos sísmicos.

    Quando as forças tectônicas atuam prolongadamente em áreas de rochas duras, elas provocam fraturas ou o deslocamento de camadas. Se uma das camadas se mover horizontal ou verticalmente, serão produzidas ondas vibratórias que se espalham em várias direções, causando um terremoto. Portanto, o terremoto é produzido pela ruptura das rochas provocada por acomodações geológicas de camadas internas da crosta ou pela movimentação das placas tectônicas.

    Em limites transformantes, onde não há convergência nem divergência de placas, é comum ocorrerem terremotos. Podemos citar como exemplos desse tipo de limite a falha de San Andreas, na Califórnia, Estados Unidos, e a falha da Anatólia, causa do terremoto ocorrido em 1999 na Turquia (veja o mapa abaixo).

    O ponto onde o terremoto se origina recebe o nome de centro ou foco.

    O ponto da superfície terrestre diretamente acima do centro é o epicentro, onde o terremoto é sentido com maior intensidade.

    O aparelho usado para medir a intensidade de um terremoto é o sismógrafo, que segue a escala Richter — uma escala com 10 graus, cada um indicando uma intensidade 10 vezes maior que o anterior.

  • Placas Tectônicas

    As Placas Tectônicas

    A crosta terrestre está dividida em placas com espessura média de 150 km, que flutuam sobre um substrato pastoso: a astenosfera.

    As seis maiores placas tectônicas são:

    • Placa Americana
    • Placa do Pacífico
    • Placa Antártica
    • Placa Indo-Australiana
    • Placa Euro-Asiática
    • Placa Africana

    Além dessas, existem outras menores, como:

    • Placa de Nazca
    • Placa do Caribe
    • Placa da Anatólia
    • Placa de Cocos
    • Placa da Grécia
    • Placa das Filipinas
    • Placa de Sonda
    • Placa da Birmânia
    • Entre outras

    Limites das Placas Tectônicas

    Os limites das placas tectônicas, ou seja, os pontos de encontro entre as placas, estão em constante movimento. Esses movimentos ocorrem de formas distintas e podem ser classificados em três tipos principais:

    • Limites convergentes
    • Limites divergentes
    • Limites transformantes

    Limites Convergentes

    São zonas de subducção, onde as placas se encontram e colidem. Uma das placas mergulha sob a outra e retorna à astenosfera.

    Três tipos principais de convergência:

    • Convergência crosta oceânica – crosta continental:
      Formam-se fossas abissais, como a Fossa Peru-Chile, onde a placa de Nazca mergulha sob a placa Sul-Americana. Essas zonas são chamadas de continentais ativas.
    • Convergência crosta oceânica – crosta oceânica:
      Formam-se arcos vulcânicos, como nas ilhas Marianas (placa do Pacífico e placa das Filipinas).
    • Convergência crosta continental – crosta continental:
      É difícil que uma placa mergulhe sob a outra. Pode ocorrer a obducção (uma sobrepondo-se à outra) ou colisão com formação de cadeias de montanhas, como o Himalaia, resultado do choque entre a placa Euro-Asiática e a placa Indiana.

    Limites Divergentes

    Também chamados de cristas em expansão ou margens construtivas. Nesses limites, uma nova crosta oceânica é criada pelo magma vindo do interior da Terra, afastando as placas tectônicas.

    Exemplos:

    • Cordilheira Meso-Atlântica
    • Cordilheira Meso-Pacífica

    Limites Transformantes

    Nesse tipo de limite, as placas deslizam horizontalmente uma ao lado da outra. Como não há criação nem destruição da crosta, também são chamadas de zonas de conservação.

    Esses deslizamentos causam terremotos de grandes proporções e, geralmente, ocorrem no fundo dos oceanos.

    O exemplo mais conhecido em terra firme é a Falha de San Andreas, na Califórnia (EUA), com cerca de 1.300 km de extensão, localizada no limite entre a placa do Pacífico e a placa Norte-Americana. Essas placas deslizam cerca de 5 cm por ano.


  • Estrutura da Terra

    A Formação das Camadas da Terra

    Em seu processo de formação, a Terra registrou altíssimas temperaturas. Como consequência, grande parte do planeta fundiu-se, provocando uma acomodação desigual dos seus componentes.

    Os materiais mais pesados afundaram, formando o núcleo, enquanto os mais leves ficaram próximos da superfície.

    Dessa forma, a Terra é formada por diferentes camadas:

    • Crosta: constituída por materiais mais leves;
    • Manto: camada intermediária;
    • Núcleo: formado por materiais mais densos.

    Divisão da Crosta Terrestre

    A crosta pode ser dividida em duas porções distintas:

    • Crosta oceânica
    • Crosta continental

    Essa divisão está relacionada a uma camada mais ampla chamada litosfera, uma camada rochosa com profundidade entre 70 e 100 km. A litosfera inclui:

    • A crosta continental
    • A crosta oceânica
    • Parte do manto superior (manto litosférico)

    Ela é formada por placas rígidas e móveis, conhecidas como placas tectônicas, que deslizam sobre a camada imediatamente inferior: a astenosfera, onde o material encontra-se em estado de semifusão.

    Outras Camadas Internas da Terra

    A litosfera e a astenosfera fazem parte do manto superior. Abaixo delas, encontra-se a mesosfera, que inclui:

    • A parte restante do manto superior
    • O manto inferior

    Por fim, temos a endosfera, que representa a porção mais profunda da Terra, dividida em:

    • Núcleo externo
    • Núcleo interno

    Ambos são formados por materiais densos, principalmente níquel e ferro.

  • Evolução Geológica da Terra

    A Origem da Terra e a Formação dos Continentes

    A Terra se originou há cerca de 4,6 bilhões de anos, muito depois da formação do Universo, que se supõe ter surgido entre 13 e 15 bilhões de anos atrás, com uma enorme explosão denominada Big Bang.

    Para estudar a formação do nosso planeta, utilizamos o tempo geológico. Antes de explorá-lo, é importante lembrar que a nossa noção de tempo é bastante limitada. Para o ser humano, cuja vida média gira entre 70 e 80 anos, é difícil compreender a escala de bilhões de anos.

    O Tempo Geológico

    A Geologia possui uma noção de tempo muito mais ampla do que a História. Para os geólogos, um milhão de anos é considerado um intervalo curto.

    O tempo geológico é organizado da seguinte forma:

    • Eras
      • Períodos
        • Épocas
          • Idades
            • Fases

    Esse conjunto é conhecido como escala geológica. Cada era é marcada por grandes eventos da história da Terra, como:

    • O surgimento das primeiras formas de vida (Era Pré-Cambriana);
    • A formação dos Alpes Escandinavos (Era Paleozoica);
    • O surgimento do Himalaia e dos Andes (Período Terciário);
    • As grandes glaciações (Período Quaternário).

    A Origem dos Continentes

    O planisfério moderno mostra a configuração atual do planeta, com os continentes (Ásia, África, América, Oceania, Europa e Antártida) e os oceanos (Atlântico, Pacífico, Índico, Glacial Ártico e Glacial Antártico).

    Em 1596, o cartógrafo Abraham Ortelius já suspeitava que os continentes haviam se separado no passado. No século XIX, o geógrafo Antonio Snider-Pellegrini reforçou essa ideia com um mapa que sugeria que a América do Sul e a África formavam um só bloco continental, baseado em fósseis semelhantes encontrados em ambos os continentes.

    A Teoria da Deriva dos Continentes

    Em 1912, o geofísico Alfred Wegener retomou a hipótese e propôs que, há cerca de 250 a 300 milhões de anos, existia um supercontinente, chamado Pangeia (do grego, “todas as terras”), cercado por um único oceano, o Pantalassa.

    Wegener propôs que a Pangeia começou a se fragmentar, formando os atuais continentes. Suas principais evidências eram:

    • Encaixe entre as costas da África e da América do Sul;
    • Semelhanças paleontológicas, paleoclimáticas e estruturais entre continentes como Europa-América do Norte, África-Índia-Austrália e África-América do Sul.

    O professor Alexander Du Toit, da África do Sul, sugeriu que a Pangeia teria se dividido em:

    • Laurásia (ao norte)
    • Gondwana (ao sul)

    Essas massas continuaram se fragmentando:

    • América do Norte se separou da Eurásia (~130 milhões de anos);
    • América do Sul afastou-se da África (~125 milhões de anos);
    • Austrália e Antártica separaram-se da África;
    • A Índia colidiu com a Ásia, formando o Himalaia e originando o Mar Mediterrâneo.

    No Período Terciário, os continentes já apresentavam a configuração atual.

    A Limitação da Teoria de Wegener

    Apesar das evidências, Wegener não conseguiu explicar por que os continentes se moviam. Isso levou a comunidade científica da época a rejeitar suas ideias. Após sua morte, em 1930, a teoria caiu no esquecimento.

    A Expansão do Fundo dos Oceanos

    Na década de 1960, os geólogos Harry Hess e Robert Dietz retomaram a teoria, agora com base em novas tecnologias que exploravam o fundo dos oceanos.

    As conclusões foram surpreendentes:

    • As rochas oceânicas são mais recentes do que as continentais;
    • Ao longo das dorsais oceânicas, abrem-se fendas que liberam magma. Ao se resfriar, ele forma nova crosta, expandindo o fundo oceânico;
    • As placas tectônicas funcionam como “esteiras rolantes”, provocando a movimentação dos continentes;
    • As zonas de contato entre placas são as mais instáveis do planeta, onde ocorrem terremotos e vulcões.

    Teoria das Placas Tectônicas

    A junção da deriva continental com a expansão do fundo dos oceanos deu origem à atual Teoria das Placas Tectônicas, amplamente aceita pela ciência moderna.