A passagem do mito ao logos

O Nascimento da Filosofia na Grécia

Na história do pensamento ocidental, a Filosofia nasce na Grécia entre os séculos VII e VI a.C., promovendo a passagem do saber mítico (alegórico) ao pensamento racional (logos). Essa transição ocorreu ao longo de um processo histórico contínuo, sem uma ruptura brusca e imediata com as formas de conhecimento anteriores.

Durante muito tempo, os primeiros filósofos gregos ainda compartilhavam crenças míticas, mesmo enquanto desenvolviam o conhecimento racional que viria a caracterizar a Filosofia.

Do Mito ao Logos

Essa transição do mito à razão indica que, de um lado, o mito já continha certa lógica interna, e de outro, que o logos filosófico ainda carregava o poder simbólico do lendário.

O mito se opõe ao logos como a fantasia se opõe à razão, como a palavra que narra se opõe à palavra que demonstra. Ambos são partes fundamentais da linguagem humana, expressando diferentes dimensões do espírito:

  • O logos, enquanto argumentação racional, busca convencer com base em lógica e coerência. É considerado verdadeiro quando justo e lógico, e falso quando dissimula ou engana (como no caso do sofisma).
  • O mito, por sua vez, não precisa provar nada: acredita-se nele por fé, por sua beleza, verossimilhança ou simplesmente por desejo de crer.

A Função do Mito

O mito atrai para si a dimensão irracional do pensamento humano e se aproxima da arte em todas as suas formas. Sua força está na capacidade de atingir camadas profundas e inconscientes do psiquismo humano, despertando emoções e sentidos além da lógica.

Assim, tanto o mito quanto o logos são essenciais: um representa o encantamento e a imaginação; o outro, a razão e a demonstração. A Filosofia surge no encontro — e muitas vezes no embate — entre esses dois modos de compreender o mundo.

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