Conjuração Baiana

A Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates, foi um movimento revolucionário que aconteceu em 1798, na cidade de Salvador, Bahia. Diferente de outras revoltas da época, como a Inconfidência Mineira, essa teve forte participação popular, incluindo escravizados, libertos, soldados, alfaiates e pequenos comerciantes.

Contexto Histórico

Na segunda metade do século XVIII, o Brasil ainda era uma colônia de Portugal, e a região da Bahia vivia momentos de tensão social. Salvador tinha perdido o posto de capital do Brasil para o Rio de Janeiro em 1763, o que trouxe queda econômica para a cidade.

A população sofria com altos impostos, fome e desemprego, enquanto a elite e os portugueses mantinham seus privilégios. Esse cenário gerava insatisfação e o desejo por mudanças radicais.

Influências

A Conjuração Baiana foi fortemente influenciada por ideias do Iluminismo e pelas Revoluções Americana (1776) e Francesa (1789). Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade chegaram ao Brasil e inspiraram muitos a lutar contra a opressão colonial.

Outro fator importante foi a independência do Haiti em 1791, liderada por escravizados, que serviu de exemplo para os negros baianos.

Participantes

Os principais participantes do movimento eram:

Alfaiates (daí o nome Revolta dos Alfaiates)
Soldados rasos (de baixa patente)
Escravizados e libertos
Pequenos comerciantes e artesãos

Dentre os líderes mais conhecidos, estão:

João de Deus – soldado e agitador político
Manuel Faustino – alfaiate e um dos organizadores
Luís Gonzaga das Virgens – soldado
Lucas Dantas – outro líder importante, também soldado

Objetivos da Conjuração Baiana

Diferente da Inconfidência Mineira, que era liderada pela elite e buscava manter a escravidão, a Conjuração Baiana tinha propostas mais radicais e populares:

Independência da Bahia em relação a Portugal
Criação de uma república livre e igualitária
Fim da escravidão
Abolição dos impostos abusivos
Abertura dos portos ao comércio internacional

Essas ideias foram divulgadas em panfletos que circulavam pelas ruas de Salvador, incentivando o povo a se rebelar.

Repressão e Fim do Movimento

O movimento foi descoberto antes de acontecer, pois o governo recebeu denúncias e começou a investigar. Muitos participantes foram presos, torturados e julgados.

Em 1799, quatro dos principais líderes – João de Deus, Manuel Faustino, Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas – foram condenados à morte e enforcados em praça pública, como forma de intimidar novos levantes. Outros envolvidos foram condenados ao exílio ou a trabalhos forçados.

Importância da Conjuração Baiana

A Conjuração Baiana foi um marco na luta popular pela liberdade e igualdade no Brasil. Foi um movimento abertamente contra a escravidão e com forte presença de negros e pobres, o que a diferencia de outras revoltas coloniais.

Além disso, foi um dos primeiros movimentos no Brasil que defendia a república e o fim da exploração colonial, com base em princípios iluministas.

Resumo

Quando: 1798
Onde: Salvador, Bahia
Quem participou: alfaiates, soldados, escravizados, libertos e comerciantes
Objetivos: independência da Bahia, república, fim da escravidão e dos impostos abusivos
Consequência: repressão violenta e execução dos líderes

Conclusão

A Conjuração Baiana foi um movimento corajoso, que expressou o desejo de liberdade e justiça de uma parcela da população esquecida: os pobres, os negros e os trabalhadores. Apesar de ter sido duramente reprimida, ela entrou para a história como um símbolo da luta popular por um Brasil mais justo e igualitário.

Para o ENEM, é essencial relacionar esse movimento com o contexto das ideias iluministas e com outras revoltas da época, analisando as diferenças sociais e os objetivos políticos de cada uma.