Adequação e Inadequação Linguística

Quando uma pessoa se comunica com outra (s), para que esse ato se realize com eficiência, é necessário que ela seja capaz de fazer a adequação da linguagem à situação de comunicação.

Veja, por exemplo, esta tira humorística.

No segundo quadrinho, o falante empregou a variedade padrão da língua, escolhendo palavras que seu ouvinte não conhecia; ou seja, esse falante não “ajustou”, não adequou sua linguagem ao seu interlocutor (pessoa com quem se conversa). Isso impediu que o cozinheiro não entendesse a pergunta.

É interessante notar que, nesse contexto, podem ser feitas duas ”leituras” para explicar a inadequação:

  1. Hipótese – O falante foi incapaz de adequar a linguagem ao ouvinte; ele não teve habilidade linguística para perceber que, ao fazer a pergunta ao cozinheiro, deveria ter usado a variedade popular da língua, falando de um modo mais simples. Assim, por exemplo:
    “Quem foi o indivíduo nocivo que preparou essa massa podre e nojenta?”
    ou de uma forma mais simples ainda:
    “Quem foi o maluco que fez essa porcaria?”.
  2. Hipótese: O falante estava indignado com a péssima qualidade da comida, mas, para evitar confusão, ele, intencionalmente, construiu a frase de modo de que o cozinheiro não a entendesse mesmo. Nessa hipótese, ele teria usado a frase apenas para desabafar sua irritação.

Fatores que influenciam a adequação

Os atos de comunicação têm finalidades variadíssimas e realizam-se nas mais diferentes circunstâncias, por isso são também muito variados os elementos contextuais que influem na maneira como a linguagem deve ser ajustada à situação de comunicação.

Há, por exemplo, situações em que a relação entre os interlocutores é descontraída, pessoal; nesses casos é mais adequado o emprego de uma linguagem mais popular. Outras vezes, quando a relação entre eles é mais formal, impessoal, é mais pertinente o emprego da variedade padrão da língua.

Dentre os fatores que influenciam a adequação, destacam-se:

  • INTERLOCUTOR – não se fala do mesmo modo com um adulto e com uma criança, por exemplo.
  • ASSUNTO – referir-se à morte de uma pessoa amiga requer uma linguagem diferente da usada para lamentar a derrota do time de futebol.
  • AMBIENTE – não se fala do mesmo jeito em um templo religioso e em uma festa com amigos.
  • RELAÇÃO FALANTE-OUVINTE – não se fala da mesma maneira com um amigo e com um estranho; em uma circunstância formal e em uma informal.
  • EFEITO PRETENDIDO – (intencionalidade) – para se fazer um elogio ou um agradecimento, fala-se de um jeito; para ofender, chocar ou ironizar alguém, usam-se outras formas de expressão.

Esses fatores sempre estão presentes em conjunto e levá-los em conta é fundamental para que o ato de comunicação tenha a eficiência desejada.

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